MEU LEMA

Thursday, March 28, 2013

VOLUNTARIADO EM PRESÍDIOS



Fácil reclamar e por a culpa no governo pela miséria que assola as  penitenciárias em nosso país e a conseqüente violência. Situação que poderia ser minimizada se cada um fizesse a sua parte. O voluntariado não pretende substituir as funções dos administradores públicos nas questões de segurança, na formação escolar, na profissionalização, manutenção da saúde, condições das instalações e tantas outras situações. Mas colabora de muitas formas diminuindo a tensão, apresentando sugestões viáveis, levando informações úteis e acima de tudo transmitindo a fé e a esperança na verdadeira e transcendente vida.
Não somos melhores porque não cometemos infrações penais. Possivelmente tivemos mais sorte, mais oportunidade, mais estrutura social e familiar. Cabe, portanto, a nós, plantar a semente da solidariedade. Por pensar nesta direção, Aline de Souza optou pelo voluntariado junto ao Grupo Fraterno Espírita e participa das visitas na Penitenciária Odenir Guimarães (P.O.G.). Aqui transcrevo suas entusiásticas afirmações: “quando estamos no intramuros as horas passam como minutos!...  Pela oportunidade de conhecer o outro lado da situação, de ver tantos irmãos necessitados, como nós, de atenção, encorajamento, sorrisos amigos, por perceber que ao menos um pouquinho do que é dito os comove, faz repensarem, mesmo que por instantes, as atitudes. Sentir aquela energia maravilhosa, restauradora, durante e após a visita, ainda que vários empecilhos surjam antes de lá chegarmos.. Isso nos faz pensar que é pouco o que fazemos, e que os maiores beneficiados realmente somos nós!”
Sílvia Oliveira trilhou em várias oportunidades os caminhos do voluntariado rumo a P.O.G. em Aparecida de Goiânia. No momento não tem disponibilidade para acompanhar o grupo. Mas deixou-nos um registro espontâneo e comovente: “A recompensa é imediata para nossa alma quando olhamos nos olhos desiludidos e vemos a esperança, o perdão e a misericórdia. Levar a palavra de Jesus conforta-os e nos conforta. Lembro como se fosse hoje, o prazer que tinha em evangelizar e ser evangelizada debaixo de uma mangueira no pátio da Penitenciária Odenir Guimarães.
Relembramos a propósito da afirmação da Sílvia “quando olhamos nos olhos desiludidos e”, o que nos ensinou Nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo: - "Os teus olhos são a luz do teu corpo. Se eles forem bons, todo o teu corpo terá luz; mas se eles forem maus, todo o teu corpo será tenebroso". Em nossa lida diária não mais olhamos nos olhos de nossos semelhantes, não mais sabemos nos entregar ao silêncio de um encontro, ao calor de um abraço. Em nossa vida, há muito tempo cremos que estamos, drasticamente, separados uns dos outros, que nossos países estão separados por fronteiras e que nossas religiões estão separadas por diferentes crenças e rituais. A separação é uma ilusão, que cai por terra quando vemos a dor que há no mundo. Estamos todos juntos numa nave chamada Terra, com um destino incerto, a ser definido por todos nós.
Colheremos decepções e amargores se permanecermos na longa espera por soluções para os problemas que afligem toda a sociedade.  Quando arregaçamos as mangas e estiramos braços e pernas na direção dos que mais sofrem de imediato recebemos a recompensa.  O Benfeitor Emmanuel no livro Pão Nosso página 23 afirma sabiamente que “o bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte”. Diz-nos Emmanuel que os irmãos considerados «caídos” são parte de nossa família espiritual que a Divina Providência nos confia, com o objetivo de ensinar-nos a conquistar felicidade pela prática da lei do amor. E, ao mesmo tempo, afirma o Benfeitor, os nossos companheiros nessa condição representam o resultado de suas próprias ações em existências passadas, provavelmente criaturas prejudicadas, em muitas ocasiões, por nós mesmos, e que as leis da vida nos restituem, para que venhamos a  resgatar nossos débitos, auxiliando-as na precisa restauração.
A médica Marlene Rossi Severino Nobre presidente da Associação Médico Espírita do Brasil – AME-Brasil, fez a seguinte pergunta ao Chico Xavier: - Pouco tempo atrás você esteve no Instituto Penal de São Paulo, assistindo e dando esperanças aos reeducandos ali confinados. Não acha que deveríamos nós aumentar a assistência espiritual nos presídios masculino e feminino, diríamos quase que semanalmente, dando assim verdadeiro lastro consolador a esse esforço reeducativo? A resposta: -    Julgamos que o diálogo em bases de respeito às leis e de conhecimento da solidariedade cristã seria providência das mais louváveis em nossos institutos de reeducação.  Semelhantes contatos atingiriam o melhor rendimento de compreensão humana e de conseqüente renovação para os visitados e visitantes, então marchando juntos para um relacionamento melhor em nossos grupos sociais.  

FRANCISCO DE ASSIS ALENCAR –